CASA do EIDO - Família Coelho de Magalhães
- Carmen Souza Soares Reis
- Feb 4
- 6 min read
Updated: Feb 16
Tive a oportunidade e o privilégio de poder ver in loco todas as casas senhoriais de Carvalhosa ligadas ao passado distante da minha família: a CASA DE FUNDEVILA (atual Solar da Carvalhosa), a CASA DO BUSTELO, a CASA DE REGOUFE, a QUINTA DO PAÇO e o que restou da CASA DO EIDO. Quem passa pela estrada, vê uma casa de porte médio, aparentemente abandonada, tendo à sua frente um muro de pedra muito antigo, além do qual há outras construções no mesmo terreno. É o que restou da CASA DO EIDO. Poucos sabem que muitas famílias viveram naquela propriedade e foram ancestrais de outras famílias de outras casas senhoriais de Carvalhosa. Os registros paroquiais da freguesia de São Romão de Carvalhosa permitiram-me fazer conexões entre essas famílias, como verão os que lerem esse artigo até o final.

Entrada da CASA DO EIDO - os fundos da casa tomados pela vegetação
Os primeiros moradores da CASA DO EIDO, ancestrais de outras casas senhoriais de Carvalhosa, já foram mencionados em posts anteriores. Recentemente, a CASA DO EIDO voltou ao centro das atenções por uma descoberta do meu primo e confrade genealogista Francisco de Souza Soares da Gama: um documento do Cabido da Sé de Lamego sobre prazos de propriedades, que me motivou a escrever um artigo sobre a Origem da Quinta de Soutelo e os nossos ancestrais Magalhães. Como o mesmo documento esclarece a origem do CASAL DO EIDO, permiti-me voltar ao assunto.
O referido documento do Cabido da Sé de Lamego está disponível online no Arquivo Nacional da Torre do Tombo:
ANTT - CABIDO DA SÉ DE LAMEGO - LIVRO Nº 37 - páginas 125 e 126.
O documento comprova diversos fatos que já foram expostos no meu post sobre a Família Magalhães e a Origem da Quinta de Soutelo, que vos convido a revisitar:
Não vou repetir aqui os comentários do meu artigo anterior. Vou apenas salientar os trechos que mencionam a CASA DO EIDO e os primeiros detentores de prazo daquela propriedade:
PÁGINA 125 - Data 5 de maio de 1639:
"De outros casais, do EIDO e da LAMA, fizeram prazo a MELCHIOR COELHO DE MAGALHÃES...”
O Capitão MELCHIOR COELHO DE MAGALHÃES (1612-1678) era meio-irmão do nosso ancestral João Teixeira de Magalhães, Senhor da Quinta de Soutelo. Era filho do segundo casamento da nossa ancestral ISABEL PINTO DE MAGALHÃES com MELCHIOR DIAS DE BABO, Senhor da Casa da Quintã, o qual era irmão de ISABEL COELHO DE BABO, ambos filhos de Francisco Dias e Beatriz Coelho de Babo. ISABEL COELHO DE BABO e seu marido JORGE MENDES eram moradores da CASA DO EIDO.
O documento reza que o Capitão MELCHIOR COELHO DE MAGALHÃES obteve o prazo do CASAL DO EIDO em 1639. Pois ali viveram desde 1641 a sua tia ISABEL COELHO DE BABO e seu marido JORGE MENDES, seus filhos e netos, e a sua bisneta ANGELA COELHO DE MAGALHÃES, que tornou-se Senhora da QUINTA DE FUNDEVILA pelo seu casamento com o Capitão Antonio de Souza e Vasconcelos. O casal foi ancestral da família Vasconcelos de Mesquilta das casas de FUNDEVILA e do BUSTELO e da família Magalhães Queirós da CASA DA BOTICA de Vila Meã.
PÁGINA 125 - Data 1719:
JOÃO ARANHA renovou o prazo desta Quinta (de Soutelo) e de todos os casais pertencentes a ela, sem haver respeito aos emprazamentos que tinha feito aparte, do Casal do EIDO e do Casal de LAMAS e do Casal de CAÍDE, a JOÃO DE MAGALHÃES COUTINHO e sua mulher..."
JOÃO DE MAGALHÃES COUTINHO foi pai da nossa ancestral Antonia Rafaela de Magalhães e Vasconcelos, Senhora da QUINTA DO EIRÔ em Castelões (onde nasceu o meu bisavô Bernardo Teixeira Leite em 1848). João de Magalhães Coutinho viveu na QUINTA DE SOUTELO entre 1694 e 1714. O documento diz que um tal JOÃO ARANHA (provavelmente João Aranha de Magalhães, tio paterno do João de Magalhães Coutinho) havia feito um emprazamento do CASAL DO EIDO a este seu sobrinho (não diz em que data) e não respeitou aquele acordo quando renovou o prazo da QUINTA DE SOUTELO e de todos os casais que pertenciam a ela. Isso quer dizer: tomou de volta para si o que tinha concedido ao sobrinho!
Interessante observar como a vida dá voltas: em testamento datado de 1776, os dois filhos sobreviventes de João Aranha de Magalhães e sua mulher Joana Baldaya Beliagoa passaram para a filha e o neto de João de Magalhães Coutinho (Antonia Rafaela de Magalhães e Vasconcelos e seu filho João Leite Cabral de Magalhães e Vasconcelos) o senhorio da CASA DO RIBEIRO, rica propriedade da família Baldaya em Oliveira, a qual mais tarde passou por herança ao meu trisavô João Teixeira Leite e onde viveu o meu bisavô Bernardo Teixeira Leite em meados dos anos 1800s, antes de emigrar para o Brasil.

CASA DO EIDO - Parte do muro secular da antiga propriedade
O nome de ANGELA COELHO DE MAGALHÃES não reflete a família de seu pai Francisco Gonçalves, de Vila Caiz. O apelido COELHO vem de sua mãe e remonta à bisavó Beatriz Coelho de Babo, da Quinta da Carreira em Travanca. Essa bisavó viveu na Quintã, em Constance, onde floriu o apelido MAGALHÃES, e pode vir daí o apelido COELHO DE MAGALHÃES, que outros parentes de Angela também usaram, inclusive Melchior Coelho de Magalhães, sobrinho de sua avó Isabel Coelho de Babo. O apelido MAGALHÃES nada tem a ver com as famílias que viveram na CASA DO EIDO de Carvalhosa, vem da QUINTA DE SOUTELO em Constance. Como agora sabemos, o Casal do Eido pertencia à Quinta de Soutelo, portanto, não é sem sentido.
Ancestrais de ANGELA COELHO DE MAGALHÃES - Moradores da CASA DO EIDO de Carvalhosa:
JORGE MENDES (f. 1605) casou com CATARINA DIAS (f. 1635) e tiveram:
JORGE MENDES (1584-1646) casou em 1613 com ISABEL COELHO DE BABO (f. 1658) e tiveram:
ANTONIO COELHO (f. 1672) casou em 1641 com ISABEL RIBEIRA (1613-1659) e tiveram:
MARIA COELHO (1649-1723) casou em 1673 com FRANCISCO GONÇALVES (f. 1712) e tiveram:
ANGELA COELHO DE MAGALHÃES (1680-1757) casou em 1709 com o Capitão ANTONIO DE SOUZA E VASCONCELOS (1682-1765), Senhor da Quinta de Fundevila, onde foram viver, e tiveram: MANUEL DE SOUZA E VASCONCELOS (1716-1799), Senhor da Quinta de Fundevila, que foi pai de ANA JOAQUINA DE SOUZA E VASCONCELOS (f. 1844), filha herdeira e Senhora da Quinta de Fundevila, ancestral dos Vasconcelos de Mesquita da QUINTA DE FUNDEVILA e da CASA DO BUSTELO, e da Família Queirós da CASA DA BOTICA de Vila Meã.
Linhagem dos herdeiros da CASA DO EIDO de Carvalhosa:
ANDRÉ GONÇALVES (f. 1619) casou com FRANCISCA GONÇALVES e tiveram:
CATARINA GONÇALVES (1590-1664) casou em 1628 com FRANCISCO GONÇALVES (f. 1648) e tiveram:
FRANCISCO DE MATOS (1629-1694) casou com MARGARIDA DUARTE (f. 1708), Senhores da CASA DO EIDO, e tiveram:
ANGELA DUARTE (1674-1753), Senhora da CASA DO EIDO, casou em 1699 com MANUEL MOREIRA (1656-1721) e tiveram:
DR. JOSÉ DUARTE DE MATOS (1717-1790), Senhor da CASA DO EIDO, casou em 1750 com sua prima ISABEL MARIA TEIXEIRA DE CARVALHO E MATOS (1716-1789), Senhora da CASA DE REGOUFE.
Não sei quem herdou a CASA DO EIDO, porque os descendentes do último casal foram Senhores da CASA DE REGOUFE, propriedade muito mais valiosa do que a CASA DO EIDO.
Em 1763, DIOGO DE MATOS DUARTE (n. 1722), filho solteiro de ANGELA DUARTE, ainda vivia na CASA DO EIDO.
Em 1857, JOSÉ DUARTE BORGES GERALDES (n. 1791), segundo filho do casal JOSÉ DUARTE TEIXEIRA DE CARVALHO E MATOS e MARIA GERALDES, Senhores da CASA DE REGOUFE, faleceu viúvo na CASA DO EIDO. Não deixou filhos.
Linhagem dos herdeiros da CASA DO REGOUFE. de Carvalhosa:
ANDRÉ GONÇALVES (f. 1619) casou com FRANCISCA GONÇALVES e tiveram:
CATARINA GONÇALVES (1590-1664) casou em 1628 com FRANCISCO GONÇALVES (f. 1648) e tiveram:
ROMÃO DE MATOS (1634-1699) casou em 1667 com MARIANA TEIXEIRA DE SEIXAS (1635-1698), Senhores da CASA DE REGOUFE, e tiveram:
JOSÉ DE MATOS TEIXEIRA (1677-1754), Senhor da CASA DE REGOUFE, casou em 1709 com ANGELA COELHO DE MATOS (1680--1746) e tiveram:
JOSÉ DUARTE TEIXEIRA DE CARVALHO E MATOS (1752-1826), Senhor da CASA DE REGOUFE, casou em 1788 com MARIA GERALDES (f. 1833), da CASA DE PENIDOS, e seus descendentes foram Senhores da CASA DE REGOUFE.
Fica claro ao ver essas duas linhagens, que as famílias da CASA DO EIDO e da CASA DE REGOUFE tiveram origem nos Gonçalves, antigos moradores da CASA DO EIDO.
FRANCISCO DE MATOS (1629-1694), filho primogênito de CATARINA GONÇALVES, casou com MARGARIDA DUARTE e herdaram a CASA DO EIDO, que passaram para sua filha ANGELA DUARTE (1674-1753).
ROMÃO DE MATOS (1634-1699), o filho mais novo de CATARINA GONÇALVES, nada herdou de sua mãe, mas tornou-se Senhor da CASA DE REGOUFE pelo seu casamento com MARIANA TEIXEIRA DE SEIXAS, filha de Simão de Carvalho Teixeira, o proprietário de toda a área do REGOUFE, que ali construiu uma casa para sua filha.
O assunto não se esgota por aqui. Haverá outro post sobre a ligação entre as casas senhoriais de Carvalhosa.
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